No Centro da Sala, Diante da Mesa…

No centro da sala, diante da mesa,
No fundo do prato, comida e tristeza.
A gente se olha, se toca e se cala
E se desentende no instante em que fala.

Medo. Medo. Medo. Medo. Medo. Medo

Cada um guarda mais o seu segredo,
A sua mão fechada, a sua boca aberta
O seu peito deserta, sua mão parada,
Lacrada e selada,
E molhada de medo.

Pai na cabeceira: “É hora do almoço.”
Minha mãe me chama: “É hora do almoço.”
Minha irmã mais nova, negra cabeleira.
Minha avó me reclama: “É hora do almoço!”

Ei, moço!
E eu inda sou bem moço pra tanta tristeza.
Deixemos de coisas, cuidemos da vida,
Senão chega a morte ou coisa parecida,
E nos arrasta moço sem ter visto a vida

Ou coisa parecida, ou coisa parecida,
Ou coisa parecida, aparecida.
Ou coisa parecida, ou coisa parecida,
Ou coisa parecida, aparecida.

“Na Hora do Almoço”. Belchior.

 

 

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