Toda vez que estreia uma nova temporada de Black Mirror seus seguidores parecem obcecados em demonstrar que cada capítulo dessa antologia – composta por episódios que contam histórias independentes, com atores diferentes e até mesmo com gêneros diferentes – está na verdade conectado a outros. Os capítulos desta ficção, dos quais a Netflix acaba de lançar a quarta temporada, possuem referências e alusões a outros episódios, o que levou alguns fãs a elaborar uma teoria segundo a qual todos os capítulos transcorrem no mesmo universo, mas em épocas diferentes. De acordo com essa teoria, o primeiro episódio cronologicamente falando seria O Hino Nacional, o primeiro da série, enquanto o que estaria no futuro mais distante seria Metalhead, da quarta temporada, ambientado em um futuro pós-apocalíptico. (Daqui em diante há possíveis spoilers).
A maneira de encontrar a cronologia que organiza os capítulos são essas alusões ou referências compiladas meticulosamente no ScreenCrush. Como explicam, alguns episódios têm poucos “ovos de páscoa” (alusões escondidas na forma de mensagens para os fãs da série), como é o caso de Toda a Sua História, Volto Já ou Hang the DJ, razão pela qual é mais complicado relacioná-los com o resto do universo da série. Mas, em outros casos, há referências que os fãs podem detectar se prestarem atenção.
Essas alusões internas da série vão de manchetes de notícias que coincidem ou que fazem referência a acontecimentos já vistos em outros episódios até o uso de tecnologias que aparecem em outras histórias, mas com diferentes níveis de desenvolvimento (ou com o mesmo nível, o que permite situá-los muito próximos no tempo). No capítulo Arkangel, por exemplo, a menina vê em um dado momento uma imagem de Engenharia Reversa.
O episódio que tem mais referências a outras histórias de Black Mirror é Black Museum, a último transmitido (ou postado) até agora, no qual os seguidores da série encontraram conexões com outros doze capítulos. Por exemplo, no museu em que acontece a história está a máquina usada em USS Callister para clonar, o tablet quebrado de Arkangel, a banheira com traços de sangue de Crocodilo, os ovos de Natal Branco ou a máscara de Urso Branco. Nas histórias narradas nesse capítulo aparecem mais referências sob a forma de manchetes de notícias.
Alguns dos artefatos da coleção do museu de ‘Black Museum’ que já apareceram em capítulos anteriores: ‘Urso Branco’, ‘Odiados pela Nação’, ‘USS Callister’ e ‘Arkangel‘.
Além disso, a canção Anyone Who Knows What Love Is, de Irma Thomas, aparece em vários episódios da série: Quinze Milhões de Méritos, Natal Branco, Engenharia Reversa e Crocodilo. No vídeo aparece a interpretação de Jessica Brown-Findlay em Quinze Milhões de Méritos nessa espécie de The X Factor futurista em que o capítulo está ambientado.
A quarta temporada também esconde mensagens dos criadores da série, Charlie Brooker e Annabel Jones, para esses seguidores obsessivos que analisam cada imagem de cada capítulo. No capítulo Crocodilo, por exemplo, um fã conseguiu ler em uma notícia impressa o seguinte texto: “A verdadeira pergunta é por que alguém pausaria o que está vendo para ler uma frase em um artigo de jornal impresso, diz uma voz na sua cabeça antes de aconselhá-lo a ir postar essa descoberta no Reddit”. Em Metalhead acontece algo semelhante e, no meio de um código de informática, que inclui nomes de arquivos que se referem a outros capítulos, é possível ler esta pergunta: “Por que você se deu ao trabalho de fazer uma pausa, geek?”.
Não é a primeira vez que a série coloca essas mensagens ocultas para seus seguidores mais obstinados. Na terceira temporada, o capítulo Versão de Testes tinha uma mensagem no documento que o protagonista assina para participar do jogo experimental:“Se você pausou para ler isto, você morrerá a menos que encaminhe isto para cinco pessoas antes de 28 dias”.
Fonte: El País
Comentar com sua conta do Animeiras
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.